Advertência inicial! São cinco fases, não são “cinco elementos”! As cinco fases, ou cinco transformações, são muitas vezes chamadas de “cinco elementos”. Só que quando pensamos em “elemento” pensamos em algo fixo, e cada uma destas fases é uma expressão do Qi, que é movimento! Enquanto ocidentais estamos mais familiarizados com os quatro elementos dos filósofos pré-socráticos – Terra, Água, Ar e Fogo – e possivelmente por isso fazemos este paralelismo. Mas a verdade é que eles partem de perspectivas um pouco diferentes da realidade. Aqui olhamos para “qualidades de movimento”, interconectadas, que se moldam na relação umas com as outras. Por isso chamar-lhe “5 transformações”, “5 movimentos”, “5 fases” ou “5 etapas” traduz melhor o que cada uma destas “5” representa. Água, Árvore, Fogo, Terra e Metal são arquétipos O nome de cada fase remete-nos para existências muitos concretas. No entanto nós estamos a falar de tipos de movimento, que estando presentes nos elementos que as representam, não estão apenas aí. A fase Árvore por exemplo, é de facto dominante nas plantas vivas, mas também existe na energia da manhã, enquanto o Sol ascende no horizonte, na Primavera, ou no ímpeto que faz nascer um projecto. Cada fase tem um nome arquetípico, que expressa as respectivas características energéticas: Água: energia de diluição e regeneração, transporta e alimenta a vida, muito móvel e adaptável; Árvore: energia flexível, ascendente e vital, de crescimento e de desenvolvimento; Fogo: energia expansiva e excêntrica, superficial, quente e visível, rápida, intensa e breve; Solo: energia que desce e estabiliza; é morna, encorpada, nutritiva, lenta e de baixa mobilidade; Metal: energia contractiva e concentrada no interior, de recolha, gestão e protecção de resultados, geralmente rígida; guarda a vida para o ciclo seguinte. Como é que as Cinco Transformações são um desdobramento do princípio Yin / Yang? O Qi move-se através das polaridades Yin e Yang. Neste movimento a energia contrai-se e expande-se, ciclicamente. As cinco fases são como olhar para este movimento mais de perto: em Metal temos a energia no máximo de contracção. No seu auge, a energia contida começa a libertar-se, dando origem ao movimento disforme da Água. A energia começa então a subir ganhando a qualidade Árvore. E no auge desta subida temos a qualidade Fogo, em que a energia se expande em todas as direcções, como uma estrela. Mas este é um movimento curto, e logo a energia começa a cair estabilizando-se na fase Terra. A Terra tem um movimento lento, que favorece a contracção, dando de novo origem ao movimento Metal. Podemos ver este ciclo em vários fenómenos da natureza: no movimento aparente do sol ao longo de um dia, ou ao longo de um ano, ou no ciclo de vida das plantas, ou no nosso próprio ciclo de vida (Tabela 1). Nem sempre as cinco fases se sucedem de forma regular O ciclo atrás descrito representa o ciclo de alimentação / drenagem, assim chamado porque a transformação “alimentada” drena a transformação anterior, que a alimenta. Este ciclo também é chamado de “ciclo criativo”, porque há sempre algo que é criado a partir da transformação anterior. Acontece que, por vários motivos, pode acontecer que esta sucessão de fases deixe de se fazer de forma regular. Muitas vezes há uma transformação que se apresenta mais forte ou mais fraca dentro de um “circuito”, afectando todo o ciclo. Tende então a surgir o ciclo de controlo. No ciclo de controlo/exaustão, também chamado de “ciclo de destruição”, uma transformação ao não conseguir alimentar a seguinte, tende a destruir ou a bloquear a transformação subsequente, ao mesmo tempo que se exaure. Ou seja, aparentemente nada se gera. Por isso, e em geral, o mais desejável é trabalhar dentro do ciclo criativo. Só que há situações em que o ciclo de controlo pode ser útil para restabelecer o equilíbrio. Por exemplo, num incêndio a dinâmica exacerbada do Fogo pode ser moderada com Água, que apaga o Fogo. Trabalhar dentro do ciclo de alimentação é sensato e é a primeira linha de actuação, mas por vezes o ciclo de controlo também pode ser útil e “ecológico” (no sentido de promover resultados mais benéficos para todos). O importante é compreender o que se passa numa dada situação para se ajustar a estratégia. E nas coisas que parecem fixas, como é que estas qualidades de movimento se expressam através delas? Naquilo que constitui objectos há uma predominância das fases Terra e Metal, que são fases onde o movimento é mais subtil. Mas ainda assim há materiais, cores, formas, que expressam características de outras fases. Por exemplo, o vidro transparente ou muito escuro traz características Água. A sua dinâmica Água não é tão forte como na água propriamente dita, mas estimula as suas qualidades energéticas num ambiente e em quem permanece longamente nesse ambiente (Tabela 2). Também podemos observar manifestações das Cinco Transformações no nosso corpo ou nas nossas emoções (Tabela 3). Cada um de nós é um microcosmos, onde vão acontecendo os ciclos criativo e destrutivo. Inclusive, é em boa parte do equilíbrio entre as Cinco Fases em nós que resulta a nossa saúde e bem estar. * * * Cada transformação tem a sua função e o seu momento no ciclo: a capacidade de brotar e de recomeçar da dinâmica Árvore é muito entusiasmante, mas se ficamos nesta fase do processo esgotamos a nossa energia sem gerar resultados. Sempre que num dado contexto há excesso ou falta de alguma fase geram-se desequilíbrios. Portanto o que importa é favorecer uma presença adequada, equilibrada e funcional de cada transformação.
Outro aspecto que vale aqui lembrar é que nem todas as expressões de cada transformação são agradáveis, mas mesmo essas às vezes podem ser necessárias. Por exemplo, tanto o entusiasmo quanto as discussões podem ser expressões da dinâmica do “Fogo” – o entusiamo é agradável, as discussões talvez não; ambos podem ser necessários, assim como em excesso tendem a trazer repercussões indesejadas: em desequilíbrio o entusiasmo pode redundar numa aplicação desgovernada de energia, enquanto as discussões podem gerar um ruído em que já ninguém se ouve. Ir aprendendo as Cinco Transformações, na prática, pode tornar-se num exercício de autoconhecimento, de compreensão dos outros e do mundo de que fazemos parte. E claro, ajuda-nos a criar estratégias para que a Vida e a harmonia se renovem em nós e à nossa volta. Convite Há muito mais a descobrir sobre as cinco transformações nas nossas vidas. Podemos aprofundar noutros momentos, mas experimentares agora o que aqui foste lendo é um passo tão ou mais efectivo! Repara (por exemplo) nas diferenças de luz ao longo do dia, ou nas temperaturas, ou nos sons, ou nos teus sentimentos e sensações, nas tuas vivências do dia-a-dia, para ires aprendendo a reconhecer onde estão os vários movimentos do Qi. Para te ajudar podes também ler ou reler os artigos que já escrevi sobre cada uma das Cinco Transformações: O movimento da Água A primeira Primavera Energia nova, para fazer acontecer Maio, mês das Flores O Fogo no Feng Shui e na Vida O movimento "Terra" O movimento do Metal Outono e recomeços Depois conta-me como são essas experiências! Podes fazê-lo na área de comentários ou falar directamente comigo. Ah, e partilha com pessoas com quem queiras conversar sobre esta outra forma de olhar o mundo ;-) Um grande abraço e até breve!
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