A letargia que sentimos no Inverno tem a função de nos ajudar a conservar energia vital. De facto a primeira sugestão é mesmo a de prestar atenção à Natureza em nós e à nossa volta e de seguir o seu convite de abrandar o ritmo. Isto não significa deixar de ir trabalhar! (talvez fosse interessante trabalhar menos horas, mas para a maioria de nós é pouco viável...) Tem mais a ver com procurar deitar-se mais cedo e dormir um pouco mais, por exemplo! Entretanto, o abrandamento que esta estação promove em nós, pode ser sentido com força demais. E é sobre minimizar estes impactos excessivos que escrevo aqui. 1. Maximiza a entrada de luz natural Já sabemos que a incidência de sol sobre a pele estimula a síntese de vitamina D. Mas a luz solar, mesmo que não seja directa, é essencial para regular o ritmo circadiano (isto é, para nos ajudar a estar alerta durante o dia e depois dormirmos bem durante a noite) e para estimular a produção de neurotransmissores que regulam o humor. Ou seja, estarmos expostos à luz natural é fundamental para nos sentirmos bem e com energia! Para além disso, enquanto entra luz também entra calor (desde que os vidros esteja fechados, claro está). É por isso fundamental abrir estores e cortinas durante o dia. Deixar entrar luz em casa durante o dia, como já vimos é essencial. Contudo não garante que recebas toda a luz natural de que necessitas. No Inverno (quando a radiação UV é mais fraca), se puderes, faz um pequeno passeio durante o período em que o Sol está mais intenso. Experimenta uma caminhada de 15 a 30 minutos de manhã ou durante a hora de almoço. Ah, e esquece-te dos óculos escuros em casa! Olhar directamente para o Sol forte faz mal a qualquer pessoa, mas captar a luz natural que há no ambiente só faz bem! E é através da luminosidade que entra na retina que se dão todos os processos de regulação de sono e de humor. 2. Mantem o equilíbrio entre isolamento e arejamento do espaço A regulação da temperatura e da humidade também são importantes, seja ao nível do conforto térmico, seja ao nível da qualidade do ar. Mas antes de escolheres qualquer aparelho, faz sentido melhorar aspectos como o isolamento – de portas e janelas, ou até de paredes e cobertura. Porque bons isolamentos reduzem a entrada de humidade e de frio, logo reduzem a necessidade de compensações. Se é verdade que, em certas situações, tem de se fazer obras e algum investimento, é sempre possível colocar rolos na base de portas e janelas, ou fechar estores, portadas e cortinas ao cair da noite para conservar a energia no interior – e não se paga mais por isso! Por outro lado, para regular a humidade e para manter a boa qualidade do ar, é importante que a casa seja ventilada regularmente. Abrir um pouco algumas janelas durante as horas de sol mais intenso, ou em períodos em que haja algum vento, ajuda a manter este equilíbrio entre isolamento e ventilação. Nota: naturalmente que se há muita humidade atmosférica não há sol intenso nem vento que reduzam a humidade – às vezes precisamos mesmo de aparelhos auxiliares. 3. Se for preciso, usa desumidificador Se o arejamento não for suficiente para regular a humidade, o recurso a um desumidificador(*) ajuda muito. O excesso de humidade torna o ar mais denso e dificulta o fluxo do Qi (Chi). Para além disso, nas estações frias, o excesso de humidade aumenta a percepção de frio. De facto, se a humidade é elevada, é conveniente regular esse factor antes de colocar aquecimento. O intervalo desejável de humidade relativa é entre 40% e 60% – mas se chegar aos 70% não é grave, enquanto que abaixo de 40% já é seco demais. Quando o tempo está nublado e chuvoso a humidade relativa dos interiores chega ou ultrapassa facilmente os 80%. Este valores são obtidos com a ajuda de um termo-higrómetro, que se encontra em lojas de bricolage. Mas nós também percebemos quando há humidade a mais: o frio parece “pegajoso”, na cozinha tudo o que é crocante perde essa “crocância” muito rapidamente, e nas paredes começam a desenvolver-se bolores… Ah, os bolores… causam alergias, deterioram as estruturas e devolvem-nos uma imagem nada animadora… Assim, se o que queremos é manter a boa disposição no Inverno, prevenir bolores também é importante! À partida, usar um desumidificador regularmente quando o ambiente está húmido não vai secar demasiado o local – porque vão havendo trocas com o ar exterior; mas quem não dispõe de termo-higrómetro pode, se quiser, ter uma planta na mesma divisão: se a planta(**) tender a secar ou a precisar de mais água do que o habitual, é sensato moderar o uso do desumidificador. [Notas: * Os aparelhos de ar condicionado também secam o ar. ** Esta sugestão só é viável se houver luz natural suficiente para a planta.] 4. Atenção à limpeza e à acumulação Ter a casa organizada e limpa é sempre bom! Só que nesta altura do ano há alguns sítios que requerem especial cuidado. Um deles são os vidros. Para que a luz natural entre plenamente (como proponho na sugestão nº1) é importante que os vidros estejam limpos – e com as chuvas mais frequentes esta limpeza pode precisar de ser reforçada. Outros locais que precisam de ser limpos com mais cuidado são recantos e superfícies em zonas onde se costuma formar bolor. Isto porque para além de humidade, os bolores precisam de partículas de matéria orgânica para se alimentarem. Estas partículas estão por todo o lado, em especial numa época em que permanecemos mais tempo em casa e em que há uma maior presença de têxteis (cobertores, almofadas, tapetes). O pó das casas está cheio de partículas de matéria orgânica, e nós dificilmente as conseguimos eliminar por completo. Mas podemos minimizar a sua presença, com limpezas regulares e reforço das mesmas em sítios mais críticos (como atrás de móveis encostados a paredes húmidas). Quanto à acumulação, ela dificulta as limpezas e a circulação do ar. Assim, aquando das limpezas, observa se há materiais parados, fora de uso, que só estão a ganhar pó. Talvez esta seja uma boa hora para libertar esses materiais. E já que o fim do ano está à porta, pondera aprofundar o processo de destralhe, como um processo de fecho de um ciclo e de abertura para um novo ciclo [se precisares de ajuda, podes contar comigo]. 5. Cria um sistema de aquecimento adequado às tuas necessidades Apesar de investir em aquecimento ser básico quando está frio não poderia deixar de o referir aqui, porque com frio encolhemo-nos e a nossa energia não flui! Existem diferentes formas de aquecimento, e explorá-las vai para lá do âmbito deste artigo. Mas há alguns parâmetros que te podem guiar na escolha do aquecimento mais adequado ao teu contexto: - tamanho do espaço/divisão a aquecer; - sistemas como termostato ou de programação para se desligar automaticamente (prevenção da subida excessiva da temperatura); - efeito na qualidade do ar; - eficiência energética; - facilidade em transportar e arrumar. Lembra-te que o mais adequado não são nem temperaturas muito altas, nem grandes variações de temperatura em relação à temperatura exterior. Tendemos a sentir-nos confortáveis em temperatura entre 19ºC e 23ºC, mas isto também depende da nossa energia pessoal (se tendemos a ser friorentos ou acalorados!) e da nossa actividade (mais parada ou mais dinâmica). * * * As sugestões que te deixei aqui estão mais focadas em aspectos físicos do ambiente, mas o ajuste destes aspectos também facilita a circulação da energia a um nível mais subtil, e vão ajudar-te certamente a sentires-te com mais disposição! Todas estas sugestões são gerais, porque há casas em que estas medidas são mais necessárias do que noutras. Há casas que são estruturalmente mais escuras e húmidas e outras que são mais luminosas e secas. Por outro lado há algo inusitado que acontece com alguma frequência: situações de humidade e/ou de bolores que são catalisadas também por questões energéticas e emocionais dos habitantes. Nestas situações uma análise de Feng Shui possibilita a compreensão desta influência – ajudando a que as intervenções físicas sejam mais efectivas e duradouras. E lembra-te, a energia mais lenta do Inverno também tem um propósito em nós. Faz todo o sentido equilibrar excessos, mas é sábio aproveitarmos as propostas dos ciclos naturais para fazermos os nossos processos pessoais. A este propósito recomendo a leitura de um outro artigo meu, a Energia da Água. Espero que as informações que desenvolvi neste artigo te sejam úteis. Se enquanto lias estas linhas te lembraste de alguém, partilha com ela este texto. Eu agradeço e acredito que a pessoa também te agradecerá! Um grande abraço e até breve! Partilha nos comentários como este artigo te acrescentou, ou que que perguntas te surgiram enquanto o lias! Podes também deixares sugestões de algum tema que te interesse ou desafie particularmente.
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