O trabalho simbólico tende a não ser compreendido pela mente racional... E contudo, se olharmos com atenção para os processos sígnico e simbólico em nós, é evidente que nada têm de místico. E é, pelo menos em parte, através destes processos que o trabalho com símbolos resulta.
Cada coisa que apreendemos da realidade registamos em nós por meio das associações que com elas estabelecemos: se nos estimula mais ou menos, se se apresentam como importantes e/ou vitais para nós, se têm significado para nós, ou se as podemos descartar. E este processo é antes de mais físico, energético e emocional, quando toda a realidade que aprendemos é o interior da barriga da nossa mãe. À medida que crescemos os estímulos e a quantidade de informação a que estamos expostos aumentam também. Para lidar com esse acréscimo de dados e de estímulos usamos filtros: racionalizamos, simplificamos e catalogamos aquilo que nos envolve. Esses filtros, mantém relativamente poucos dados na mente consciente. A maior parte da informação que usamos, que molda o nossa percepção integral e o nosso comportamento — e por extensão a realidade que vamos criando — permanece inconsciente, apenas corporal e energética. Este é um dispositivo de sobrevivência, porque o caminho inconsciente-corpo (pelo sistema límbico) permite que o corpo saiba rapidamente qual a resposta mais “adequada” a dado estímulo, no sentido da auto-preservação. Por vezes ainda temos “feelings”, “intuições”. Percebemos que algo ressoa ou não connosco. Algo que chega à nossa mente consciente mas que não conseguimos precisar como ali foi ter! Em verdade tudo significa alguma coisa para além do que parece. Um exemplo simples: um cobertor. Um cobertor não é só um objecto para nos cobrir e aquecer – com a sua função, o nosso corpo reconhece nele um elemento que o ajuda a manter a temperatura corporal vital, e por isso torna-se símbolo de aconchego, de “área de segurança” onde ele, corpo, pode descontrair. Claro que o objecto “cobertor” tem um para-significado colectivo, mas um dado cobertor pode ter alguma característica (cor, desenho, material, cheiro, textura, história e/ou contexto de uso, ...) com um para-significado e um impacto diferente em diferentes pessoas. E é aqui que entra a simbologia pessoal. A simbologia pessoal é aquela que mais ressoa com a própria pessoa e que, com isso, se torna particularmente poderosa. Para nos ligarmos aos nossos símbolos pessoais precisamos de fazer uma verdadeira pesquisa arqueológica no nosso ser! Nesta pesquisa alguns caminhos são deliberados, outros fortuitos. Não há certo ou errado, e a própria pesquisa faz parte já do processo de transformação. Descontração profunda, meditação, trabalhos criativos e artísticos, trabalho corporal, sonho lúcido – são alguns dos muitos meios que temos de ir descobrindo intencionalmente a nossa simbologia pessoal. Porque actividades como estas ajudam-nos a abrandar a mente racional e consciente e a ligá-la a aspectos mais profundos e mais corporais do Ser que somos. Por outro lado, é frequente que quando há alguma questão que desejamos resolver, uma resposta que procuramos obter, se permanecermos atentos a resposta nos venha quando menos esperamos: por meio de alguém que encontramos, algo que vimos na rua, alguma canção que nos vem à cabeça sem razão aparente... e nós só a vamos reconhecer como resposta porque ela ressoa connosco, porque faz parte do nosso próprio universo simbólico. A nossa casa é um sítio que está, necessariamente, repleto de símbolos pessoais. A própria casa e o modo como é vivida são símbolos de quem lá mora. A pessoa encontra assim uma via para se reconhecer e redefinir energeticamente através da sua casa – e dos seus símbolos pessoais nela. E é esta redefinição energética que vai potenciar a transformação concreta da sua vida.
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